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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

EUSÉBIO DE MATTOS

 

Eusébio de Matos e Guerra (Salvador, 1629 — 7 de julho de 1692) foi um orador , pintor e poeta de nacionalidade portuguesa nascido no Brasil colônia que atuou no Brasil entre 1629 e 1692; era irmão de Gregório de Matos. Aparentemente foi aluno dos pintores da comitiva de Maurício de Nassau, sendo fundador da "escola baiana" de pintura.

Eusébio de Matos nasce na Bahia em 1629. Em 1636, nasce seu irmão, o poeta Gregório de Matos. Em 1644, Eusébio de Matos professa na Companhia de Jesus. Representa, em 1659, os interesses de sua família em transação com os colégios dos jesuítas da Bahia e de Santo Antão de Lisboa. É chamado a Lisboa para ser nomeado orador do rei – e impedido de ir por seus superiores (1669). Publica em Lisboa o Ecce Homo (1677). Abandona a Companhia de Jesus e ingressa na Ordem do Carmo, com o nome de frei Eusébio da Soledade (1680). Publica em Lisboa, em 1681, o Sermão da soledade e lágrimas de Maria Santíssima Senhora Nossa. Nesse mesmo ano, Antônio Vieira retorna à Bahia. Em 1694, depois de sua morte, foram publicados em Lisboa sermões até então inéditos seus. Em 1923, foi publicado no Rio de Janeiro, na "Estante Clássica da Revista de Língua Portuguesa", o Ecce Homo).

Eusébio da Soledade também é autor da famigerada obra São Pedro Arrependido, que até o final da década de 1940, encontrava-se na Capela do Eremitério Beneditino da Ponta do Monteserrat, no Bairro de Itapagipe, Salvador - BA.

 

VARNHAGEN, Francisco Adolfo.  Florilégio da poesia brasileira. Tomo I.   Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1987.  370 p. 5 f. ilus. (Coleção Afrânio Peixoto)

 

                  Quem vos mostrar mudada a bizarria,
Da cara, que luz dava à bela Aurora,
Creio nenhuma affronta vos faria.
Se a morte contemplasse em vós, Senhora;
Porque, sem luz vereis naquele dia
A cara que brilha vêdes agora,
Que então haveis de ter, só por estrella,
Ver em cinza desfeita a cara bella.

                   Horror então será esse thesouro,
Que hoje naufrága em ondas de cabello,
Trocando, com mortífero desdouro.
Só em fealdade quanto tem de bello:
E se por áureo, vence agora ao ouro.
Então a terra ha de convencel-o
Que quem na vida vive celebrado,
Perde na morte as prendas de adorado.

                   Esses olhos, que hoje olham tão sem tento,
Então não hão de ser o que hoje são;
Porquanto, se hoje são da luz portento,
Das trevas hão de ser admiração;
Se por tão claro, hoje dão contento.
Não hão de dar então consolação;
Porque verão o fim a seu desejo,
Terminar nas cavernas que eu cá vejo.

                  A bocca, que por ser tão pequenina,
Conquista a côr do cravo, e a dor rubi;
Trocará quanto tem de peregrina
Pela mais triste bocca que eu já vi;

         Eu attendi chamar-me alguem divina;
Mas confesso, Senhora, que o não cri;
Porque entendo, que havia a vossa bocca,
Pela de uma caveira fazer troca.

 

              (1) Esse alfojar, que agora se desata
Para brilhar melhor nesse rozal.
        Não mostrará no nácar viva praia
Quando vir consumido o seu coral;
Ostentas, que por golpes de escarlata,
Mostram o rutilante do cristal;
E então, no descórado do marfim,
Dentes só se hão de ver, mas não carmim.

                  O peito, que hoje é fragoa do amor cégo,
Não será fragoa então, nem será peito,
Porque, por dar à Parca seu socêgo,
Perderá quanto tinha de perfeito;
Se em algum tempo foi de foto emprêgo;
Então verá em si tão rijo effeito.
Que julgará improprio a tudo o mais.
Que não chegar a ver prodigios taes.

                  A causa que algum tempo foi amor,
Aqui motivará tal odio, e tanto.

         Que não verá o mundo outro maior
Na fabulosa luz do seu encanto;
Por quanto, o que causava tanto ardor,
Da mesma fealdade será espanto;
Sem ver em si figura, nem sinal;
Dos dous botões, que tinha de cristal.

         Das mão hei de dizer, pois aventuro,
Que se sua belleza agora mata,
Seu horror matará então seguro.
Quando timido agora desbarata;
Que se agora são prata, e cristal puro,
Então não hão de ser cristal nem prata,
Pois ossos hão de ser, que vão formando
Gadanhos, que vão mortos sepultando.

 

(1)Para mais clareza desta oitava julgamos conveniente transcrever
aqui a correspondente, que é, além disso, a melhor das parodiadas.

 

         Ver o alfojar nevado, que desata
A aurora sôbre a galla do rozal,
Ver em rasgos de nácar tecer prata,
E pérolas em conchas de coral;
Ver diamantes em golpes de escarlata,
Em pingos de rubim, puro cristal;
É ver os vossos dentes de marfim
Por entre os belos labios de carmim.

                  Por os olhos na cita não me atrevo;
Porque a vejo de carne tão succinta,
Que já me não suspendo, nem me elevo
Da belleza eu via nessa cinta;
De eu ver, na garganta a morte levo;
Porque, por feia a vejo tão distincta,
Que não se attende desse formosura
Mais que um osso, que serve de cintura.

                   Do pé ia a falar: mas tate, tate,
Que não tem nada o pé de peregrino;
Oh loucura de Amor! Oh desbarate!
Aqui, minha Senhora, desatino!
Quem consumiu o pé; quem lhe deu máte!
Mas ai! que a terra o viu tão pequenino,
Que por não ver em si sua pégada,
O picante do pé, tornou em nada.

 

Página publicada em maio de 2017

 
 
 
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